Sim, é Copa do Mundo, e o Mundial sempre foi pretexto para aprovar medidas políticas polêmicas. Aqui se aprovam medidas de flexibilização do trabalho em dia do jogo da Espanha, aí, imagino que não seja muito diferente, e nunca foi.
Sim, é Copa do Mundo e não, não me esqueço que 1/4 da população do país que abriga esta Copa está desempregada e vivendo com menos de 1,5 dólares por dia, ou que 11% da população (o dado chega a 20% dependendo da fonte) está contaminada com HIV, que é um país extremamente desigual, que passou pelo apartheid e ainda não resolveu seus problemas raciais, que... posso seguir a lista por linhas e parágrafos.
Sim, é Copa do Mundo e no Brasil é ano de eleição. E a Canária que estreiou mal mas suficiente (segundo todos os comentaristas que li, desaponta mas ganha) é muito maior preocupação que o nosso próximo Legislativo e Executivo.
Sim, é Copa do Mundo, e eu acordei nesta terça feira ansiosa pra vestir a minha canária número nove que carrega 5 estrelas no peito. E não, não é porque só em Mundial tenho orgulho de ser Brasileira. Não é porque mundial me faz esquecer qualquer uma das muitas problemáticas que comentei, ou não, até agora. Mundial não me faz esquecer nem dos meus problemas pessoais.
Mas sim, é Copa do Mundo, e eu continuo achando mágica a energia da torcida, sentindo o peso da amarela nos ombros. Porque o fato de sonhar no mundial não me impede de pensar a realidade. E se isso não é assim sempre, se de verdade esquecemos que o mundo existe porque é Mundial, então, nós, sociedade civil organizada ou não, estamos fazendo muito mal nosso trabalho. Porque sonhar uma coisa, não deveria impedir lutar por outras.